The Morning People - Piloto

Nota do Público 0.00 (0 Votos)

A guitarra surge em um riff fresco, mas curiosamente já informando certos requintes de melancolia. De base melódica agradavelmente esotérica desenhada pelo sintetizador, a introdução assume uma atmosfera espiritual, quase transcendental. Ainda assim, o que salta aos ouvidos é a sua energia cabisbaixa e contagiantemente entristecida.


Tal impressão, reforçada por um vocalista de timbre adocicado em cuja interpretação destaca o teor cabisbaixo da canção, se torna algo concreto a partir do sofrimento extravasado pelo cantor. Contudo, conforme a canção vai crescendo em elementos, como a entrada do baixo dando corpo e base para o contexto rítmico-melódico, e a bateria de Colin Humphrey entregando consistência, a obra acaba por assumir uma silhueta curiosamente adorável em sua estética indie rock.


Sob um ápice explosivo e visceral, o The Morning People faz de Piloto uma canção que destaca um indivíduo inconstante e incerto de seus desejos. Uma insegurança capaz de danificar um relacionamento recíproco que tinha tudo para ser duradouro e fiel. É exatamente aí que existe o sofrimento. Um sofrimento de decepção, de lamentação. E o que chama mais atenção é que o lirismo é estruturado na língua materna no grupo, o espanhol. Tal atitude mostra certo grau de ousadia admirável por não ceder ao autoritarismo do inglês.

Compartilhe:

Cadastre-se e recebe as novidades!

* campo obrigatório
Seja o primeiro a comentar
Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.