Ruby Bones - Let It Out

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Uma contagem progressiva é ouvida ser pronunciada por uma voz masculina de caráter um tanto rouco de posse de Chris Fox. Rapidamente, a canção começa a ganhar vida conforme a guitarra solo de Matthew Cohen entra em cena com um riff macio e de temperatura aconchegantemente morna. Por meio dele, não apenas a obra passa a ser agraciada por uma boa textura de veludo como a paisagem sensorial traz consigo um toque poente tranquilizador.


É importante ressaltar, porém, que, ao lado do instrumento, o violão promove um andamento igualmente brando, mas que, individualmente, é o responsável por dar à atmosfera generosas doses de frescor. Assim que a bateria de James Janocha entra em cena produzindo uma crescente sequência de golpes na caixa, contudo, a obra acaba fluindo para uma atmosfera de instrumental completo e cuja união rítmico-melódica lhe garante uma delicadeza lexicalmente charmosa, graças, entre outras coisas, pela maneira com que a guitarra base desenha uma sonoridade mais lúcida. Assim, se tem o perfeito equilíbrio entre o torpor e a consciência.


No instante em que acessa seu primeiro verso, não apenas o âmbito instrumental ganha um novo ingrediente, mas também o lírico começa a ganhar vida. Apoiado em um baixo de groove saliente em meio à sua tonalidade grave que, no comando de Eric Vydel, beira a estridência, Fox, com um timbre afinado em seu dulçor, entra definitivamente em cena despejando suavidade a ponto de fazer, do enredo verbal, outro aspecto que garante o contágio.


De refrão alegre e harmônico a ponto de, curiosamente, beirar um senso surpreendentemente motivacional, Let It Out se configura como uma obra indie rock em que o Ruby Bones, de fato, oferece ao ouvinte um enredo, no mínimo, inspirador. Afinal, em meio ao seu enredo lírico, a faixa aborda temas de superação, resiliência e, também, esperança. 


Não é apenas sobre acessar a força interior para buscar certo grau de amadurecimento emocional. Let It Out é sobre amizade e o peso que o apoio exerce sobre a iniciativa do outro de se libertar da zona de conforto oferecida enganosamente pelos seus demônios. Com a faixa, o Sol é capaz de brilhar novamente no horizonte nascente com a sua mensagem subliminar de recomeço.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.