A guitarra, com sua sutileza aguda, é o elemento responsável por puxar a introdução em seus instantes súbitos de protagonismo absoluto. Logo em seguida, o teclado entra com sua nota adocicada cuidadosamente gélida em um compasso que já dá ao ouvinte pistas de qual gênero musical a música em questão irá representar.
Quase simultaneamente, uma voz agradavelmente grave e rasgada entra em cena preenchendo as camadas líricas. Eis Pierre Hammar usando seu primeiro verso verbal para perguntar onde está o bar tender para lhe oferecer um pouco de amor e paz para se sentir em casa. Nesse instante, a bateria entra em golpes repicados na caixa que surtem em uma levada ligeiramente acelerada para marcar a entrada de todo o escopo rítmico-melódico naquele que parece ser o verdadeiro primeiro verso.
É nele que, com a companhia do baixo em seu groove delicadamente encorpado e generosamente swingado, que o ouvinte tem, enfim, a certeza de se tratar de uma obra reggae. Daí em diante, fica possível identificar não apenas a sensualidade melódica, mas também todo o frescor que permeia a sonoridade da faixa.
Embebida em um refrão contagiante e sedutor, Where Is The Mr. Bartender? é uma faixa estruturalmente equilibrada que é, inclusive, agraciada por um solo de guitarra curto em sua agudez levemente estridente e simultaneamente semi-aveludada. Ainda assim, é esse mesmo solo que encapsula a alma da canção com sua suavidade, sua maciez e sua sensualidade despreocupada.
É assim que Hammar faz, da faixa, uma história adorável que mostra que é sempre possível encontrar conforto, alento e aconchego em lugares inesperados. Basta apenas estar no lugar e com as companhias certas, que é o caso do protagonista de Where Is The Mr. Bartender?. Afinal, ele encontra no bar tender a figura que lhe proporcionará toda essa sensação de proteção e conforto de casa em um lugar inusitado.