Keith Hanshaw - It’s Ok, I’m Not Even Here

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Não existe uma introdução bem definida. Afinal, segundos após seu despertar, em cujos milésimos de segundos de um instrumental digitalizados já informam generosas doses de dramaticidade, Keith Hanshaw já entra em cena com seu timbre agridoce preenchendo as camadas líricas. Curiosamente, ainda no primeiro verso, a canção tem no timbre do vocalista o único elemento harmônico que, curiosamente, cumpre bem com seu papel.


Estruturalmente minimalista, a canção conta somente com ligeiros sonares digitais e um beat bastante delicado preenchendo o escopo rítmico. Seguindo o mesmo mérito identificado já no primeiro verso, é a voz de Hanshaw e a sua interpretação lírica que fazem do refrão um momento harmoniosamente tocante. É nele que o ouvinte percebe a dimensão dramática, visceral e sofredora de It’s Ok, I’m Not Even Here


Embebida em um grau profundo de melancolia a ponto de ela ser tangível, a canção apresenta um indivíduo imerso em um mundo cinza, triste, desesperançoso. Um mundo em que o medo domina seu instinto e a fé não o conforta como deveria. Um mundo que traz a morte como um amigo que traz consigo a figura de uma estrela-guia. 


A partir daí, It’s Ok, I’m Not Even Here soa como um pedido desesperado de socorro. Ao mesmo tempo, a obra de Keith Hanshaw lança luz sobre a importância de se falar da saúde emocional, da depressão. De prestar atenção no outro de forma mais profunda. Despropositadamente ou não, o fato é que a canção assume um apelo social quase obrigatório quanto ao diálogo sobre as emoções e os sentimentos.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.