A maneira como a guitarra se movimenta e sua afinação, na introdução, fazem com que o ouvinte, em um instante passageiro, acabe rememorando a introdução da adaptação de Sweet Dreams (Are Made Of This) feita por Marilyn Manson. Passada essa ligeira impressão, o espectador se depara com uma sensualidade bluesada que é acompanhada por uma bateria de levada simples, mas precisa.
Abraçada por uma atmosfera crua, a ambiência rítmico-melódica é embebida em uma linearidade hipnótica que captura, com sua simplicidade, a atenção do ouvinte. No momento em que o primeiro verso se inicia e as linhas líricas começam a ser desenhadas, a canção ganha outro importante ingrediente. Jola Recchioni entra em cena com sua voz de timbre grave e ligeiramente rasgado trazendo uma interpretação lírica imbuída em empoderamento, mas também requintes de raiva e deboche.
Ao seu lado, na base melódica, o baixo acaba correspondendo com as nuances vocais por reproduzir, com seu groove trotante e seco, requintes de um sarro provocativo. Assim que a canção atinge o refrão, a voz de Jola acaba ressoando estridente em virtude de seus picos vocais, trazendo um quesito ainda mais orgânico à canção.
Com essa receita, You’re Going Down Boy explora a realidade de um bom vivã com uma tripla e simultânea vida amorosa que é descoberta. É então que tal personagem se vê na mira de três mulheres enraivecidas pela sua atitude falsa e egoísta querendo reaver seus direitos a qualquer custo. Sem dúvida, uma canção tipicamente blues.