Goth Soul - Let Me Go

Nota do Público 0.00 (0 Votos)

A bateria entra em cena de forma crua, estridente, a partir dos golpes na caixa. Em seguida, uma guitarra distorcida em uma afinação aguda entra em cena entregando singelas notas de swing que dá, à melodia, uma noção de movimento mais amaciada. Conforme amadurece, o escopo sonoro ganha outros elementos, como o baixo e seu groove encorpado dando sustentação na base sonora, e a guitarra solo, que garante um pincelar de psicodelia e torpor à atmosfera.


Surpreendendo o ouvinte desavisado, assim que o primeiro verso se inicia, as camadas líricas passam a ser desenhadas por uma voz masculina de timbre grave e gutural que é capaz, inclusive, de oferecer falsetes e trechos com tons mais agudos. Outra coisa que chama a atenção, também, é o desenvolvimento da esfera rítmico-melódica para algo pegajosamente dramático.


Contudo, ainda que isso aconteça, a obra não se torna melodramática ou apelativa. O que ocorre é que sim, ela assume contornos de uma visceralidade palpável que, acima de tudo, transparece agonia e desespero. Tais sentimentos ficam incrustados, a partir de então, em todas as arestas sonoras, mas, principalmente, naquelas em que a bateria passa a ter golpes sequenciais no bumbo de forma a aderir mais pressão ao ritmo.


Embriagante, angustiante e lacrimal, Let Me Go tem ares de um folk metal ao passo que apresenta estruturas sonoras bem trabalhadas a ponto de construir harmonias doloridas e melancólicas. Com um verso instrumental marcado por uma guitarra solo entorpecida em seu movimentar borbulhante, a faixa é agraciada por um toque adocicadamente ácido vindo do hammond que, no momento em que é ouvido, dá ao espectador a impressão da suspirante desejada aquisição de redenção.

Compartilhe:

Cadastre-se e recebe as novidades!

* campo obrigatório
Seja o primeiro a comentar
Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.