Sem qualquer tipo de cerimônia, o ouvinte é mergulhado, de súbito, em um ambiente sombrio, asqueroso e ausente de luz natural. Um ambiente pegajoso e repleto de rochas úmidas que fazem com que qualquer medo ou insegurança se tornem seres tão reais que chegam a ser palpáveis. Contudo, essa paisagem tem um toque curioso proveniente da união do violão e da guitarra elétrica.
Os dois instrumentos, juntos, criam uma atmosfera dramática, visceral, mas também melancólica e suplicante. Nesse sentido, é como se houvesse uma dualidade entre o torpor e os súbitos de consciência. O desejo por salvação e a censura de seus próprios desejos suplicantes por ajuda. Narrada por uma voz masculina de timbre fanhoso vinda de Luke Fitzgerald, a canção, conforme tem sua estrutura rítmico-melódica desenvolvida, vai ficando mais visceral e lancinante em seu tom curiosamente mórbido.
Instrumentalmente equilibrada, a canção, sob sua conjuntura assombrosa, deixa o ouvinte degustar a guitarra em sua postura ácida, a bateria em sua desenvoltura precisa e o baixo em sua saliência estridente. A partir daí, o metal alternativo está formado e convida o ouvinte a caminhar por um terreno em que Passion Of The Scorned dialoga sobre a sedutora e ludibriante voz do Demônio na forma de um ser onipresente apenas manipulando o indivíduo com a ideia de que todas as atitudes ruins anteriormente feitas são justificáveis.