Não existe gradação. O que é oferecido ao ouvinte é a pura significância da palavra punch. Embebida em uma maturidade até mesmo exacerbada, a sonoridade que se tem é bruta e de uma essência densamente sombria que bebe da receita estética do nu metal ao estilo Korn. Marcada por uma guitarra grave e rascante vinda de Kevin Murnin, o escopo melódico ainda é agraciado por um baixo de postura cínica e rascante que, dominado por Lenny Aviles, propõe generosas notas de estridência mesmo na base sonora.
A partir daí, enquanto a bateria de Tucker Russ se movimenta de tal forma a projetar certo grau de raiva e imponência, pitadas de stoner rock são percebidas em meio a uma paisagem cada vez mais embebida no heavy metal. Ainda assim, fica cada vez mais evidente, nas esquinas sonoras projetadas, uma mistura potente de metal alternativo com pitadelas de metal progressivo.
Assim que entra em seu primeiro verso, Release passa a dar destaque a um um timbre masculino de timbre agudo e aveludado que surge em cena munido por uma postura visceral e intensa emaranhado em aparentes sensos de agonia. De caráter raivoso, mas consciente, a interpretação vocal assumida por Chris Stuart gera um cenário de pressagiantes caos e desespero em vista da imersão social em um mundo completamente digitalizado. O reino da dimensão alternativa que tanto é enaltecido durante o refrão diz respeito a um ecossistema criado às custas da ilusão em uma clara crítica do Cyclone Prime acerca dessa realidade em que a convivência com a inteligência artificial se tornou o novo normal.
