Hit The Noise - Still Alive

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Assim como fez Fábio Cardelli com 5 Anos de Palavra, o quarteto gaúcho Hit The Noise lançou um produto repleto de músicas ao vivo. Mas existe uma diferença entre eles. Enquanto o primeiro gravou seu trabalho a partir de apresentações de fato ao vivo, o segundo gravou o lançamento ao estilo live session no Estúdio Legato. Essa é, enfim, a proposta de Still Alive


Uma guitarra é ouvida ao fundo como um uivo. Crescente em presença, por meio de Leonardo Theobald, ela assume uma forma distorcida e com sutis toques de rebeldia. Mas é quando ocorre a entrada da bateria de Daniel Sasso e do baixo que Poor Spirit realmente se apresenta. É nesse momento que Marcel Bittencourt, a nova aquisição do Hit The Noise, consegue imprimir um groove extremamente sedutor no compasso do baixo. Por sinal, essa linha rítmica possui grande semelhança com aquela empregada por Ritchie Kotzen em Taking My Chances, single de seu projeto ao lado de Adrian Smith. Podendo se perceber também influencias da sonoridade do Nickelback, a canção tem forte base no blues uma agressividade latente trazida pela interpretação lírica de Luciano Schneider.


Sexy e, por isso, sensual. Sabotaged é uma canção ao estilo hard rock em que a guitarra se diverte entre ondulações e uma linha de afinação mais melodiosa em relação àquela de Poor Spirit. A verdade, porém, é que os versos de respiro possuem os mesmos desenhos daqueles construídos na canção anterior, mas com toques extras de malandragem. O solo contido na canção é onde a guitarra extravasa ainda mais. Ela grita e se rebela ao mesmo tempo em que o baixo, grave e preciso, a acompanha como um amigo consciente.


Com uma estrutura nos moldes do hard rock europeu, To the Moon é sombria, agressiva e cativante ao mesmo tempo. Na contagem 4x4, o desenho da canção permite uma melhor atração do público, que se vê empolgado e seduzido pela melodia. A ponte que se constrói é o momento mais sedutor da canção. Isso porque ela possui uma estética metalizada e melódica ao mesmo tempo, possuindo, assim, influências claras com a sonoridade criada pelo Black Sabbath.


É bom pensar que, enquanto se ouve Still Alive o ouvinte está realmente em uma apresentação ao vivo. Essa impressão foi fidedignamente transmitida graças à acústica do Estúdio Legato e à mixagem executada por Bittencourt. Com o produto final, o espectador consegue canalizar tanto as mistas sensações transmitidas pelas melodias das canções quanto a energia de um show.


Produzido pela própria banda, Still Alive é hard rock é metal. É um produto que funciona como uma resposta mal criada por toda a situação vivida globalmente em decorrência da pandemia do Coronavírus. Afinal, o álbum é agressivo e consegue ser sedutor mesmo com um peso sonoro exaltado.


Essas características, por sinal, são retratadas na arte de capa do EP. Feita por Lika Plentz, ela é, acima de tudo, pura agressividade. Uma faca está no centro do desenho. Feita de maneira a perceber que foi usada em repetições sincronizadas do ato de esfaqueamento, ela se encontra dividindo a molécula viral do Coronavírus em duas partes, representando a raiva sentida por grande parte da população mundial frente a pandemia.


Outro detalhe importante de se ressaltar é a boa dicção e pronuncia do inglês por parte de Schneider. Se ele não tivesse domínio sobre o idioma, todo o conteúdo lírico das canções estaria perdido em um mar incompreensível. Felizmente, esse não é o caso.


Lançado em 05 de março de 2021 de forma independente, Still Alive funciona para, acima de tudo, lembrar que, mesmo enfrentando a pandemia do Coronavírus, a vida não acabou. Com Covid-19 ou não ela continuará prosperando.





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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.