Alter Bridge - Live at the O2 Arena + Rarities

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Dia 24/11/16. Dia que marcou a história da carreira do Alter Bridge, por muitos considerado um supergrupo, visto a sua fusão entre três integrantes do grupo de metal religioso estadunidense, Creed, e o ex-vocalista e guitarrista do Mayfield Four, Myles Kennedy. Na data, foi realizado o maior show até então feito pelo AB. Ocorrida na O2 Arena, em Londres (RU), a performance atraiu 15 mil fãs ao local e foi, neste ano, lançada nos formatos CD triplo, vinil quádruplo e earbook CD/DVD sob a denominação Alter Bridge Live at O2 Arena + Rarities.


Tomando como base a versão que traz três CDs, em dois, é trazida a íntegra da apresentação do Alter Bridge no local inglês. Com mais de 70% de casa cheia, o evento realizado na O2 Arena englobou todo o repertório do supergrupo. Em 1h42 de show, foram apresentadas, com peso e a vivacidade, 17 músicas que transitavam entre os discos de estúdio One Day Remains, de 2004, Blackbird, de 2007, AB III, de 2010, Fortress, de 2013 e The Last Hero, de 2016.


O interessante é perceber como o vocalista e guitarrista base Myles Kennedy, o guitarrista solo e segunda voz Mark Tremonti, o baixista Brian Marshall e o baterista Scott Phillips ministram e, literalmente, regem a energia do ambiente. Em Blackbird, o praxe trazido por Kennedy é realizar a introdução trazendo a referência do grupo Led Zeppelin. Nela, o dueto formado pelo mesmo e Tremonti se torna um verdadeiro espetáculo, mesmo ao vivo, onde o peso fica ainda maior.


Come to Life e Open Your Eyes, do segundo e primeiro disco, respectivamente, são duas das primeiras músicas que é notável a participação da plateia, que vibra e se exalta. Riffs bem compassados de Tremonti e o vocal afiado e afinado de Kennedy fazem de Show Me a Leader e My Champion, ambas do último álbum, grandes performances. E Metalingus, também do primeiro disco, que traz, na introdução, grooves da bateria de Phillips, arrancaram bom retorno dos ingleses. Curiosamente, na apresentação, o Alter Bridge adotou uma nova ordem de músicas. No geral, Rise Today, single do segundo disco de estúdio, era a que, geralmente, carregava o peso do encerramento dos shows. Mas não desta vez. De fato, a faixa arranca gritos, falsetes desafinados e participação do público. Uma boa escolha para o fechamento de performances. Ousadamente, a já comentada anteriormente My Champion, foi a escolhida para a função, que veio depois de dois falsos fins da apresentação.


Antes do último retorno da banda ao palco, as pessoas entoavam gritos de súplica para que fizessem o famoso bis, que foi atendido e introduzido pelos riffs sombrios de Poison in Your Veins, do disco de estúdio The Last Hero. E enfim, a chegada de My Champion. A balada de letra de coragem, superação e esperança. Aquele riff tão característico, aquelas frases sonoras e vocais tão esperadas chegam para dar um abraço de agradecimento e de "até logo".


Fora esses discos que trazem a gravação do show, o terceiro da versão CD triplo traz uma surpresa. O chamado Rarities, como o próprio nome sugere, traz raridades do repertório do Alter Bridge. De cada um dos cinco discos de estúdio já lançados, ele presenteia os fãs com faixas gravadas, mas não inclusas nos seus respectivos trabalhos do supergrupo.


Do disco One Day Remains, estão Breathe, Cruel Sun e Solace. A primeira faixa, uma balada que ainda se percebe uma sonoridade característica do Creed, com riffs solitários na introdução, o vocalista Myles Kennedy já se faz presente com seus agudos altos, típicos da sua técnica Belting.


Cruel Sun já vem com princípios de grooves que, mais tarde, se tornariam uma característica sonora típica do Alter Bridge. Já Solace aparece com uma introdução e assemelha com In Love Memory, inclusa no disco de estreia do grupo. Mas, ao continuar a ouvindo atentamente, uma surpresa. O parentesco com sua irmã de riffs calmos vai embora e dá lugar, no refrão, à guitarras distorcidas, e um conjunto sonoro mais agressivo acompanhado de mais um grande alcance vocal de Kennedy.


De Blackbird vem New Way to Live, The Damage Done e We Don't Care at All. Com relação à primeira, uma semelhança com as faixas Brand New Start, Wayward One e One By One são percebidas. Solo e base de guitarra bem tocado por Tremonti e Kennedy também fazem parte de New Way to Live. The Damage Dun é um metal típico do Alter Bridge. Com todos os ingredientes que hoje foram construídos pela banda como grandes riffs, grooves pesados e vocais harmônicos. O mesmo acontece com We Don't Care at All, com a adição de uma participação mais agressiva do vocalista.


Agora, de AB III estão as faixas Zero, Home e Never Born to Follow. Em Zero, a introdução é dada por repiques de bateria, que é, posteriormente, encorpado com os acordes de baixo de Brian Marshall. Home já vem com uma guitarra acústica em seu início que faz lembrar Make it Right e Words Darker Than Their Wings. Em Never Born to Follow, novamente o baixo fica em evidência.


Do disco Fortress se encontra apenas a música Never Say Die (OUTRIGHT). Com uma sonoridade introdutória semelhante às composições do sub gênero nu metal, a faixa é uma balada metalizada com apenas um solo. Na sequência, vem Symphony of Agony, planejada para o disco The Last Hero e que encerra Rarities. Com letra mais politizada, característica mote do disco de 2016, a faixa tem influências do speed metal nos riffs de guitarra e nos grooves de bateria. O solo elaborado por Tremonti é muito semelhante ao feito na canção Isolation, que leva a Never Say Die (OUTRIGHT) a um desfecho seco.

Em suma, ao se ouvir as canções de Rarities, se faz uma viagem por toda a discografia do Alter Bridge. Nesse processo, se percebe a evolução dos músicos individualmente e como conjunto. Além disso, possibilita a percepção, quando finalmente encontrada, de se identificar a característica sonora que os define.


Um detalhe importante é perceber que, independente da imaturidade do grupo nos seus primórdios, ele conseguiu fazer com que cada disco de estúdio tivesse a sua particular sonoridade. Esse ponto ajuda a perceber mais facilmente a energia do grupo, que hoje, com 13 anos de existência, já é considerado um dos grandes nomes do rock da atualidade.


Crítica postada originalmente no Allmanaque

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.