MBUR - Wonder

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Os sonares ambientes que preenchem a atmosfera introdutória imediata proporcionam a criação de um cenário sombrio e de cunho aterrorizante. Possibilitando que o ouvinte, a partir daí, tenha calafrios e um incômodo senso de insegurança, a atmosfera garante para si uma postura cínica a partir da entrada do baixo de Jackson Burton. O instrumento, aqui, garante seu lugar na atmosfera melódica através de um caminhar rastejante tal qual ao de um predador à espreita prestes a dar seu bote em uma presa desprevenida. E o violino de Christina Steele acaba contribuindo para a aquisição de um senso de tensão que estimula a produção de adrenalina como forma de manter o espectador em alerta.


Assim que a guitarra de Jacob Hildebrand passa a ocupar a camada sonora com seu riff ácido e metálico, a canção logo adquire um aroma industrial que se confunde à energia neo-gótica estimulada durante a introdução. Dessa forma, influências despropositadas de The Cure e Bauhaus se tornam evidentes na estrutura criada. O curioso, no entanto, é notar que a bateria de Clint Simmons distribui uma noção de fluidez no entorno dessa paisagem assombrosa e, até mesmo, ligeiramente mórbida.


Do momento em que Maja Burton assume seu posto à frente do microfone com seu timbre agudo e áspero, Wonder acaba maturando uma energia entorpecente e até mesmo alucinógena rígida, inquebrantável.


Assumindo, a partir daí, uma atitude psicótica e esquizofrênica que desperta no ouvinte uma interessante e distinta curiosidade para desvendar seu desenrolar, Wonder é onde o MBUR parece discutir a loucura e a psicopatia à luz da descrição de algumas características físicas e comportamentais de um indivíduo apresentado por um narrador onipresente. Não à toa que a obra se destaca pela sua energia instável e temerosa.

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.