É como observar o nascer do Sol e a beleza de suas cores pastéis pintando o céu em um horizonte crepuscular. Enquanto as ondas valsam em uma sintonia amaciada com a leveza dos ventos como uma espécie de saudação pela chegada da estrela de fogo, a brisa fornece ao ouvinte uma densa sensação de frescor, despreocupação e suavidade.
Fornecida pela maneira como a guitarra se movimenta no despertar imediato da canção, essa paisagem evidencia a sutileza melódica construída. Sonoro, aveludado e fresco, o instrumento é rapidamente acompanhado por um baixo capaz de fornecer um corpo que tangencia com a precisão necessária para que a obra transmita tais sensações. Porém, assim que os tilintares da cúpula do prato de condução são ouvidos, a canção sofre uma drástica virada estética.
Assumindo a forma de um afiado stoner rock por meio de sua estridência e sujeira particulares, a canção, ainda assim, não foge de sua base melódica e contagiante. Características mantidas principalmente pela harmonia fornecida pelas iniciais linhas líricas monossilábicas, elas seguem regendo todo o escopo sonoro, mesmo nos momentos em que o baixo se torna ardentemente áspero e ácido.
Completando sua estrutura está um vocal de timbre agudo e metálico, mas que soa cru pelo efeito ligeiramente digitalizado. Com ele, Everything To Me finalmente evidencia seu viés romântico, mas sem qualquer menção apelativa à emoção da paixão. Dessa forma, ela soa como uma pura, sincera e honesta declaração de amor.