The Struts - Lollapalooza 2019

NOTA DO CRÍTICO
Nota do Público 0.00 (0 Votos)

Eles ainda não são tão conhecidos no Brasil. Viajando de um lado pro outro do Atlântico, os ingleses do The Struts desembarcaram pela primeira vez no Brasil para apresentação no Lollapalooza 2019. O resultado disso foi que os organizadores acertaram em cheio na contratação.

O show foi o terceiro do dia 07/04/19 no Palco Budweiser, antecedendo somente o Greta Van Fleet e o headliner Kendrick Lamar. Exatamente 16h05, marcado no relógio, Luke SpillerAdam SlackJed Elliot e Gethin Davies subiram ao palco para dar início ao show de estreia do The Struts no país.

De primeiro momento o público geral leva um susto, é verdade. Luke Spiller, um vocalista que logo de primeira se mostrou irreverente e teatral, chega na ponta do palco com uma roupa escandalosa e de cores quentes. Seus trejeitos no palco remeteram ao saudoso ex-vocalista do Stone Temple Pilots e Velvet RevolverScott Weiland, com a soma de uma vitalidade e juventude da casa dos 30 anos.

Depois de um tempo, quem não conhecia a banda começou a gostar e Primadonna Like Me, a música escolhida para abrir a apresentação, funcionou muito bem nesse quesito. O que de fato aconteceu é que a desconfiança sobre quem era essa banda The Struts acabou com a chegada do refrão. Seu trecho chiclete "Do you wanna, do do you wanna be a primadonna like me tonight" pescou o público de jeito e fez com que o vocalista tivesse a companhia do eco da plateia.

Correndo de um lado pro outro do palco e jogando o cabelo para trás, Luke Spiller se mostrou, do começo ao fim da performance, ser um completo frontman. Ele pôs a plateia na palma da mão. Não houve uma música que a banda tocasse que ele não conseguisse fazer o público pular e cantar ao menos o refrão. E foi o que aconteceu com Body Talks, faixa composta ao lado da cantora pop Ke$ha.

O primeiro ponto alto do show foi com a hard rocker Kiss This. O riff inicial de Adam Slack levou até os mais desavisados a fazer o famoso headbanging, mesmo que de forma inconsciente. A faixa ainda foi o pico de euforia de Spiller, que chamou o público para cantar junto, correu de um lado ao outro, jogou o cabelo para trás e lados, além de sorrir descontroladamente.

A dançante In Love With a Camera veio em seguida, trazendo um Spiller desengonçadamente hilário com suas danças apoiadas na estante do microfone. Risos à parte, a música foi a mais teatral possível com as caras e bocas do vocalista e as performances individuais dos músicos.

Dando continuidade à sessão dançante veio Fire (Part 1) e Dirty Sexy Money. A plateia, como em efeito contágio, bateu palmas no compasso da canção do começo ao fim, como comandou Spiller. O interessante no meio do público que começava a se aglomerar para ouvir os novatos era a presença de um canguru e de uma lhama infláveis que eram chacoalhados para cima e para baixo por uma pessoa da multidão.

Com influência clara do estilo de composição do Queen, a semi-épica One Night Only veio em seguida. Seu refrão contagiante influenciou a plateia a cantar em uníssono palavra por palavra junto com Spiller. Mas, além disso, como num efeito manada, todos os braços existentes na plateia balançavam de um lado ao outro, acompanhando o ritmo da música. Quando de volta aos versos de respiro, quem tomava conta do público era o headbanging involuntário.

No setlist ainda teve o cover de Dancing in The Dark, de Bruce Springsteen, com uma roupagem totalmente diferente. Mais teatral e mais imersa no rock. Daí por diante se iniciou a trinca que fecharia a performance do The Struts.

A primeira foi Put Your Money on Me, igualmente dançante que In Love With a CameraFire (Part 1) e Dirty Sexy Money. No entanto, apresenta faixa teve o adendo de um refrão ainda mais chiclete e que foi facilmente comprado pela plateia, a qual cantou junto e a plenos pulmões "I bet your body's so sweet (oh yeah) / So roll your dice with my feet (oh yeah) / Well when and where our eyes meet (oh yeah) / You've got that hand I can't beat (oh yeah)".

O mesmo aconteceu com Where Did She Go, a música seguinte. A plateia cantou junto com Spiller o trecho "Oh oh oh, where did she go?", arrancando sorrisos de aprovação de todo grupo.

E foi com Could Have Been Me que aconteceu o encerramento triunfal do The Struts no Lollapalooza Brasil 2019. De forma sutilmente épica, com a participação massiva da plateia e com um claro aviso de provável retorno do grupo ao Brasil.

De forma geral, o The Struts surpreendeu por defender a bandeira do glam rock, atualmente sem grande representatividade no universo do rock. Vista a qualidade performática e sonora que o grupo exala, pode se dizer que o gênero tomou fôlego e jovialidade para seguir no mercado.


Crítica postada originalmente no Allmanaque

Compartilhe:

Cadastre-se e recebe as novidades!

* campo obrigatório
Seja o primeiro a comentar
Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.