Jota Quest - Músicas Para Cantar Junto

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Aproximadamente mil pessoas marcaram presença no Tangaroa Hall, local com capacidade máxima estipulada em 1200 lugares, para assistir, no dia 27/07, ao grupo de ska rock mineiro Jota Quest. Logo às 23h, uma hora e meia antes do horário previsto para início do show, o ambiente já estava parcialmente tomado. Pista e Pista Premium divididas por tapumes de estrutura amadora acomodavam os presentes que ali iam chegando.

Eis um primeiro desconforto. De acordo com a Change Music Produtora Editora e Gravadora, organizadora do evento, a ocasião serviria para sediar um show acústico do Jota Quest. No entanto, a organização do Tangaroa Hall não forneceu uma ambientação adequada, deixando toda plateia que se formava ficar de pé, tirando, de certo ponto, o tom intimista esperado. Com esse layout, o local oferecia, para abrir a noite, música ambiente comandada por um DJ. O profissional, por sua vez, criou uma playlist que não concordava com o gênero da banda principal. O metal, hard rock e o rock alternativo dominaram a pista até aproximadamente às 23h30, quando subiu ao palco Engrennagem, a banda de abertura.

Apresentando um blend de canções próprias e covers, o grupo de rock vindo de Ubatuba (SP), com forte influência sonora na banda santista de hardcore Charlie Brown Jr. foi infeliz em sua performance. Não pelo fato de as execuções estarem incorretas ou algo do tipo, mas, sim, pela qualidade do som. Com microfone dando eco, a equalização mal feita e volume acima do compreensível, o show da Engrennagem, infelizmente, não serviu nem ao menos para que o público aquecesse e conhecesse o trabalho autoral da banda, que deixou o palco sem aplausos.

Pausa. Holdings correndo de um lado para o outro desmontando os instrumentos da Engrennagem e organizando o palco para a chegada do Jota Quest, que, àquela altura, já estava com leve atraso.

Com exatos 34 minutos de atraso, à 01h04 de 28/07, subia ao palco o Jota Quest, dando início à pernada taubateana de Músicas Para Cantar Junto, a turnê comemorativa de 25 anos do grupo. Dias Melhores, música de Oxigênio, terceiro disco da banda, foi a responsável por abrir a apresentação.

Se posicionando em um banco no centro do palco, o vocalista Rogério Flausino começava a criar aquele já aguardado e desacreditado tom intimista. Tímido no início, Flausino se limitou a interagir com o público, soltando algumas frases clichês. "Dias melhores para sempre, Taubaté", dita por ele durante execução da música de abertura é um exemplo.

O Que Eu Também Não Entendo, apesar de ser a segunda música a ser executada, conseguiu uma façanha interessante: deu ânimo e energia ao público que já aparentava exaustão. Com essa dose de incentivo, o Tangaroa Hall começou a sentir a participação da plateia aparecer gradativamente.

Mais agitada do que as anteriores, Encontrar Alguém tira Flausino do banco para aproveitar mais o espaço do palco. Acompanhando a movimentação do frontman, foi possível identificar certas falhas. Paulinho Fonseca, baterista, estava munido de seu instrumento completo, com pratos, caixa, bumbo e tons. Para um show acústico, o músico deveria atuar com algo mais intimista, como um cajón, por exemplo.

De volta à cadeira, Rogério Flausino começou a entoar Amor Maior, música integrante do disco MTV Ao Vivo, de 2003. Ao perceber a canção, o público gritou e cantou toda a letra, do início ao fim. Já em Quando Se Lembrar de Mim, o acento é aposentado de vez pelo cantor, que bate palma e aponta aleatoriamente na multidão para animar o público.

Depois da plateia entrar em aparente delírio na execução de Na Moral, o Jota Quest apresentou uma surpresa ao público taubateano. Feita para a turnê, Morrer de Amor, música composta pela banda na companhia de Alexandre Carlo Cruz Pereira, vocalista do Natiruts, foi tocada em primeira mão.

Três músicas mais tarde, chegou um momento que o Jota Quest achou pertinente de ater mais ainda a atenção do público. "Essa é a primeira música acústica da banda. Ela tem 20 anos", disse Rogério Flausino de pé ao microfone puxando a introdução de Fácil. Na mesma direção, o vocalista conta outra curiosidade antes de prosseguir com o show. "Essa daqui é a primeira música que o Jota gravou", contou Flausino trazendo à tona As Dores do Mundo.

Se antes foi tocada a primeira música gravada na carreira da banda, a canção que se seguiu foi Você Precisa de Alguém, também feita para a turnê, mas com a companhia de Marcelo Falcão, vocalista d'O Rappa.

Com o medley De Volta ao Planeta e o cover de Sociedade Alternativa, o Jota Quest chegava ao seu auge, criando uma energia contagiante em toda a plateia, que pulou e cantou durante a execução dupla. Na ocasião, Pedro Cassini, violonista contratado para a turnê, e Marco Túlio Lara, guitarrista do grupo, mereceram os parabéns pela qualidade do som criado.

Já em Blecaute, música feita na companhia de Anitta e do produtor Nile Rodrigues, foi o baixista PJ que se sobressaiu, criando uma atmosfera swingada e com lembranças do funk estadunidense.

Enfim, foi chegado o bis. A melódica e nostálgica Só Hoje trouxe o protagonismo do tecladista Márcio Buzelin e foi a responsável por iniciar uma despedida que prometia e se confirmou ser interativa. Rogério Flausino e companhia tiveram a participação maciça da plateia durante os quatro minutos de performance da faixa.

Do Seu Lado, um cover do Nando Reis, fechou a noite. Com o clima enérgico, sentido desde o palco até a plateia, pulos, cantorias, celulares e vaivéns de cabeça eram observados. Tudo ao mesmo tempo. Os backing vocals contratados para acompanhar o Jota Quest durante a turnê Músicas Para Cantar Junto nem puderam ser ouvidos de tão alto que o coro estava.

Essa energia positiva foi a melhor forma de fechar um show que, apesar de um bom rendimento resultante da qualidade sonora trazida pelos músicos, apresentou erros que precisam ser citados. O primeiro, como já falado anteriormente, foi o não oferecimento de cadeiras para que o público melhor se acomodasse. O segundo é que o show, majoritariamente, não apresentou características de uma performance acústica, vista bateria completa, a presença de dois integrantes atuando como violonistas e um tecladista. Ou seja, o escopo sonoro não criou uma atmosfera intimista, mesmo que, ressaltando, tenha feito um belíssimo trabalho.


Crítica postada originalmente no Allmanaque

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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.